O Brasil iniciou o período de chuvas com atenção ao nível dos reservatórios, como no caso da represa Guarapiranga, na capital paulista, que atualmente está com cerca de um terço de sua capacidade total. Imagens capturadas pelo Globocop, da TV Globo, na tarde de segunda-feira (21) mostraram um trecho da represa, que mais parece um córrego, evidenciando a diminuição do volume de água.
Nas margens, até mesmo nos trechos mais cheios, observa-se o recuo da água e o avanço da área seca. A Guarapiranga é um dos sete mananciais que abastecem 18,5 milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo.
O sistema hídrico opera com menos da metade de sua capacidade, abaixo dos níveis registrados em 2023, mas ainda acima dos valores observados em 2014 e 2015, quando o estado enfrentou a maior crise de abastecimento de sua história. A preocupação com a seca, no entanto, não se limita a São Paulo. Previsões do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais indicam que, em outubro, bacias hidrográficas das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste devem atingir níveis de estiagem excepcionais e extremos.
Especialistas em recursos hídricos destacam a importância do uso consciente da água neste momento. Marussia Whately, diretora do Instituto Água e Saneamento, afirmou que, embora a situação não seja gravíssima, pode se agravar caso o verão tenha menos chuva do que o esperado. Mesmo que as chuvas estejam dentro da média, em alguns locais pode não ser suficiente para garantir segurança no próximo ano. Segundo ela, o momento de agir preventivamente é agora, pois não se pode contar apenas com a expectativa de chuvas.
Além do abastecimento da população, a água é essencial para a geração de energia nas usinas hidrelétricas. No subsistema Sudeste/Centro-Oeste, os reservatórios estão com 41% de sua capacidade, valor superior ao da crise de 2021, mas inferior ao de 2023. No Nordeste, os níveis estão em 46%, abaixo dos 62% registrados no ano anterior. No Sul, a queda também é observada, com exceção do subsistema Norte, impulsionado pelos reservatórios da bacia do Tocantins, que estão mais cheios.
A represa de Furnas, em Minas Gerais, uma das mais importantes do país, opera com 30% de sua capacidade, abaixo da cota mínima. O professor da USP, Ildo Sauer, alertou que, embora a situação do sistema elétrico demande cautela, não há risco iminente de falta de energia, já que o Brasil acionou outras fontes, como as usinas térmicas, que são mais poluentes. Sauer explicou que o uso dessas termelétricas de alto custo seria menor se o país tivesse investido mais em usinas hidráulicas, eólicas e fotovoltaicas.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico afirmou que os percentuais estão dentro do esperado para o período.
Já a empresa de saneamento de São Paulo destacou que o sistema se tornou mais robusto e flexível, graças à maior interligação implementada após a última crise hídrica.
Fonte: Gazeta Brasil